terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Rickenbassy - Corte do Corpo

Após elaborado o molde, chegou a hora de cortar o corpo. É importante sempre lembrar de traçar a linha central na peça de madeira e alinhar com o molde, que foi fixado com dois parafusos na peça de madeira. Os parafusos não deixarão marcas pois são posicionados em locais que serão escavados futuramente, no bolso de encaixe do braço e na cavidade do  captador da ponte.

Costumo traçar duas linhas na marcação do corpo para facilitar o corte. A primeira, de lápis, é o desenho propriamente dito. Traço também uma segunda linha externa com giz de cera. A serra tico-tico tem que passar entre essas duas linhas, cuidando para nunca ultrapassar a linha interna. Por outro lado, quanto mais preciso o corte, menos trabalho posteriormente com a tupia.
 
 


As curvas mais fechadas, como nos "chifres" do corpo, dão bastante trabalho e precisam ser realizadas com cuidado, meio que fazendo um zigue-zague. Nunca é demais lembrar de se usar equipamentos de proteção (óculos, luva e máscara contra poeira) e prestar bastante atenção.



Dá para perceber que o corte bruto deixa várias arestas que serão aparadas com a tupia. Já vi alguns luthieres utilizando uma lixadeira de mesa para fazer essa etapa.



A foto seguinte já é depois da primeira passada da tupia (esqueci de tirar fotos), que foi realizada com a utilização de uma fresa rolamentada acompanhando o desenho do molde. Como o comprimento da fresa é menor do que a largura do corpo, é necessário passar a tupia de duas vezes, sendo que o molde é retirado na segunda passada para permitir a fresa descer até a largura total do corpo.

Essa etapa dá um pouco de trabalho e precisa ser realizada bem devagar, tirando um pouco de madeira de cada vez. Se forçar a tupia, ela acaba engastalhando na madeira e arrancado algumas lascas. Sem contar o risco de um acidente. Poeira? Quase nada ...








Ainda falta um bom trabalho com a lima, lixa e raspador para deixar a lateral lisa. Aguardem os próximos capítulos.

\m/

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Resoluções de ano novo

O designer Chris Streger perguntou à alguns de seus colegas quais eram suas resoluções de ano novo e pediu que fizessem um cartaz para colocar como tela do telefone. A intenção é que as resoluções não ficassem perdidas no fundo de alguma gaveta aguardando o ano passar.

Uma das minhas resoluções para esse ano de 2012, e que tem tudo a ver com esse blog, é fazer mais trabalhos artesanais. Essses cartazes elaborados por Cory Roberts e Shane Harris, respectivamente, sintetizam bem isso:

 
"my 2012 resolution is to put the computer down and "Make Sh*t By Hand". Creating more textures and typography. Using found objects to incorporate into the digital canvas. Step away from the glowing box and use these hand for something other then quick keys and mashing the touchpad."




Tem vários cartazes interessantes na página do To Resolve Project. E você, qual é a sua resolução para 2012? Ainda dá tempo, o ditado popular diz ano só começa depois do carnval.

\m/

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Rickenbassy - Elaboração dos moldes

A elaboração de moldes para quem utiliza a tupia para aparar as laterais do corpo é essencial. Apesar de dar um pouco mais de trabalho, penso que o resultado final compensa. Além disso, vejo outras benefícios na preparação do molde:

1) é um treino para quem ainda não tem muita experiência com a serra tico-tico como é o meu caso. É possível perceber quais as curvas trarão maior dificuldade no corte do corpo. Nessa fase, qualquer erro ainda pode ser consertado, evitando estragar uma peça de madeira mais cara;

2) dá uma melhor noção da dimensão do corpo e headstock.

Por isso, é importante caprichar e deixar as laterais bem bem lisinhas porque qualquer imperfeição será transferida para a peça final ao passar a tupia.

Usei uma chapa de aglomerado de 12 mm. Pessoalmente acho o aglomerado mais fácil de trabalhar do que MDF. Acrílico também é um material alternativo para se fazer moldes.









Essa foi merecida!!

\m/

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Novo projeto - Rickenbassy

Novo projeto pelo caminho e será de um baixo inspirado no clássico Rickenbacker. Digo inspirado porque ele terá várias diferenças em relação ao modelo original que explicarei mais à frente. O baixo será para minha noiva linda, daí o nome adotado. Coloquei o "bassy" para dar um toque feminino. Mas não se enganem porque ela tem espírito rock 'n' roll total, então, nada de baixo cor-de-rosa.

A Rickenbacker é uma das mais antigas fábricas de guitarras e baixos e ficou bastante conhecida na década de 60 por ser utilizada por alguns dos The Beatles. Em relação aos baixos, vários músicos usam Rick (para os íntimos): Geddy Lee (Rush), Cliff Burton (Metallica), entre outros. No entanto, o embaixador oficial da marca, na minha opinião, é o figura do Lemmy Kilmster (Motorhead e The Head Cats).




Apesar de minha noiva ser mais alta que eu (só alguns centímetros!!), ela tem braços e mãos delicadas que não ficariam muito confortáveis para tocar num baixo grande como o Rickenbacker, daí decorrem as principais diferenças. O corpo e headstock foram reduzidos à 90% do tamanho original. A escala será curta de 76,2 cm (30"), ao invés de 84,5 cm (33 1/4"). O comprimento total do baixo reduziu para 100 cm em comparação aos 113,8 cm originais.

O tipo de construção também será diferente. O Rickenbacker tem o braço inteiriço (neck through), enquanto que o braço do Rickenbassy será aparafusado (bolt on).

Outra grande diferença é a madeira usada para o corpo, que no modelo original é de maple. Eu vou usar uma chapa de madeira escura que não identifiquei a espécie e foi presente do meu sogro. A mesma que usei para fazer as tampas da Highline Special (veja aqui). O braço será de hard maple e a escala em pau-ferro (o original é de jacarandá).

Ah, outra diferença é que o Rickenbacker tem saída mono e estéreo, e o Rickenbassy terá saída mono apenas, além de outras pequenas diferenças.

A seguir algumas fotos do projeto, das madeiras e das peças.





 
Agora é ligar os motores e mãos a obra!!
\m/
PS1: para fins de curiosidade, um baixo Rickenbacker original custa mais de US$ 2,000 no exterior.
PS2: se tiver interesse em ver como funciona a fábrica veja esse vídeo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Você conseguiria distinguir?

Frequentemente ouço e leio coisas do tipo: a Les Paul de mil novecentos e sei lá quanto é muito melhor que as atuais, a Stratocaster de mil novecentos e bolinha tem um timbre incomparável e etc. Alguns instrumentos vintage são tão bajulados e passam a ser idolatrados de tal forma que ganham uma aura mítica, batendo recordes de milhares de dólares seguidamente em leilões.

Do mesmo modo não é incomum ver alguns luthiers se gabando de possuirem estoque de Jacarandá derrubados a mais de 30 anos como se isso por si só garantisse a qualidade final do instrumento.

Acho que por eu não ser músico profissional e não ter experimentado tantos instrumentos me dá uma certa liberdade de questionar essas "verdades universais". O que se sabe é que a madeira perde umidade e melhora suas características sonoras com o passar do tempo. Entretanto, eu não creio que esse processo ocorra indefinidamente, ou que isso seja perceptível no timbre do instrumento depois de certo amadurecimento da madeira.

Além disso, a manutenção do instrumento também influência bastante no timbre do instrumento. Variações frequentes e extremas de temperatura, ou choques físicos (quedas, por exemplo) certamente influenciarão negativamente na sonoridade de um instrumento que não tiver recebido manutenção adequada.

Dito isso, compartilho uma experiência interessante publicada recentemente pela física Claudia Fritz do France's National Center for Scientific Research e divulgada pela agência de notícias NPR. Um grupo de 21 violinistas experientes realizaram um teste às cegas com 6 violinos, sendo 3 deles antigos e super famosos (2 Stradivarius e 1 Guarneri) e 3 violinos modernos. O desafio é que eles identificassem quais instrumentos eram os violinos fabricados pelos famosos luthiers italianos.

Conclusão: a maioria não soube identificar ou erraram as respostas. Além disso, quando perguntados qual violino escolheriam para levar para casa 75% dos violinistas escolheriam um violino moderno. A única tendência estatisticamente observada foi um certo desfavorecimento de um dos violinos Stradivarius. Resultados semelhantes ocorreram com testes de outros instrumentos.

Para quem não sabe, os violinos Stradivarius são conhecidos como obras de arte perfeitas e já chegaram a ser vendidos por 11 milhões de Euros. Vários estudos foram realizados para descobrir o tipo de madeira, a cola utilizada, as técnicas de construção, etc. Reza a lenda que foram fabricados com madeira mineralizada que permaneceram enterradas em pântanos por séculos. Esse processo de envelhecimento seria um dos responsáveis pelo som especial desses violinos.

Ou seja, quando retirado o viés de se saber antecipadamente que determinado violino tinha mais de 300 anos e que foi fabricado por luthier famoso, musicos profissionais não conseguiram distinguí-lo. Claro que isso não quer dizer que o violino Stradivarius seja ruim, muito pelo contrário. No entanto, o simples fato de ser um instrumento antigo não o faz melhor que violinos modernos de excelente qualidade.

Experimento semelhante realizado às cegas entre someliers para distinguirem quais vinhos eram os famosos e caros em comparação com vinhos medianos deram os mesmos resultados. Ou seja, a etiqueta e o preço do vinho exercem claramente influência na percepção da sua qualidade da mesma forma que a idade e a marca de uma guitarra, por exemplo.

Portanto, não acredite muito nas "verdades universais" que você ouve por aí e poupe seu suado dinheiro ao investir fortunas em instrumentos antigos pelo simples fato de serem antigos. Uma Fender Stratocaster fabricada no mesmo ano que a guitarra do Jimi Hendrix não necessariamente será uma boa guitarra. E nem fará com que você toque igual a ele. Acredite na sua percepção. Se soar agradável aos seus ouvidos e se tiver boa tocabilidade na sua opinião, é isso que importa, independentemente de ser ser uma guitarra chinesa ou de uma marca famosa. Um bom instrumento é resultado de madeiras de qualidade e de boa técnica de construção.

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PS: não consegui acesso à pesquisa original
http://www.pnas.org/content/109/3/760.full.pdf+html?with-ds=yes


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CBG Esplêndida - Ficha Técnica

A seguir, a ficha técnica e mais umas fotos da CBG Esplêndida. Mais uma vez não consegui/não tive paciência para ajustar o quadro que ficou horrível para ler.

Fiz uma correia para a guitarra com um cinto velho que estava mofando no armário. O problema da caixa que não não estava fechando muito firme foi resolvido colocando umas tiras de borracha bem fina no encaixe da tampa, fazendo pressão ao ser fechada. O som melhorou bastante, a afinação também está segurando melhor. Agora só falta fazer o slide.











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